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Conheça o satélite brasileiro que embarcou no foguete de Elon Musk

  • Terra - Com 125 cm³ e menos de 1 quilograma, Pion-BR1 cabe na palma de uma mão

Conduzida pelo bilionário Elon Musk, a empresa de exploração espacial SpaceX atingiu resultados históricos nos últimos anos, como o feito inédito de levar civis em um voo orbital. Um lançamento recente da companhia, porém, colocou uma medalha no peito de quatro jovens brasileiros, que estão à frente da startup Pion Labs. Calvin Trubiene, João Pedro Vilas Boas, Bruno Costa e Gabriel Yamato construíram um satélite totalmente nacional que foi enviado ao espaço no último dia 13 de janeiro, a bordo do foguete Falcon 9, da SpaceX.

Trata-se do primeiro satélite privado desenvolvido no Brasil a ser lançado em órbita. Chamado de Pion-BR1, ou pelo apelido carinhoso de "Pionzinho", o equipamento foi desenvolvido durante 7 meses pelo grupo de cientistas, que estudaram na Universidade Federal do ABC (UFABC) e na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) - eles se conheceram em projetos universitários e competições de protótipos de foguete, e juntos fundaram a startup em 2019.

O Pion-BR1 cabe na palma de uma mão: com 125 cm³ e menos de 1 quilograma, ele se enquadra na categoria de "satélites de bolso". No espaço, a mais de 500 quilômetros de altura, o equipamento terá a função de fornecer ensinamentos de como um satélite se comporta na órbita terrestre - ou seja, é um teste para provar novas tecnologias.

"Não é um satélite comercial, e sim educacional. O grande objetivo é ter a herança de voo e testar nossos sistemas, incluindo protocolos de comunicação", afirma ao Estadão o engenheiro aeroespacial e presidente executivo da Pion Labs, Calvin Trubiene, 31, que quando criança trocava os carrinhos de brinquedo por documentários de TV sobre o céu e o espaço sideral - ele também tem formação em pilotagem de avião, um sonho que alimenta desde a infância vivida em São Paulo.

Com o satélite, os cientistas esperam obter informações como condições de temperatura, funcionamento da bateria e até posicionamento do equipamento no espaço - o plano é identificar as condições do Pionzinho a cada 30 segundos. Não é uma tarefa fácil: Trubiene explica que fazer a comunicação do satélite com a Terra é tão desafiador quanto se conectar em uma rede Wi-Fi do Rio de Janeiro a partir de São Paulo.

Feita essa transmissão, os dados do satélite serão públicos e poderão ser acessados por estudantes e pesquisadores. "Será uma forma de evoluir nosso projeto e, ao mesmo tempo, levar o entendimento do ambiente espacial para as pessoas aqui no Brasil", diz o diretor de tecnologia da startup, João Pedro Vilas Boas, 24, que tem formação em robótica e programação. "Queremos trazer o espaço para perto de todo mundo".

É algo que deve começar a se concretizar nas próximas semanas. "Como no mesmo lançamento foram enviados outros 105 satélites, os equipamentos ainda estão muito perto um do outro, o que dificulta a coleta de sinais. Devemos começar a receber informações em breve", diz Trubiene. A expectativa é de que o aparelho fique em órbita pelos próximos 2 a 3 anos.



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